O presidente do Supremo Tribunal Federal , ministro Cezar Peluso, em recente entrevista a uma emissora de televisão , defendeu a necessidade de se reduzir por meio de uma emenda à Constituição o número de instâncias recursais no âmbito do Poder Judiciário . Segundo Cezar Peluso, a existência de quatro instâncias recursais no Brasil tem levado à utilização excessiva de recursos , o que causa a eternização dos processos . Cezar Peluso afirma ainda que essa distorção precisa ser corrigida, sugerindo por emenda constitucional a redução de quatro para duas instâncias a fim de tornar a justiça mais célere .
Simplificando a proposta do ministro do STF: julgados os processos pelos Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais passar-se-ia imediatamente à execução da sentença , cabendo somente – pelo que eu entendi da entrevista – um recurso extraordinário dirigido a não sei quem , já que acima dessas instâncias restariam o próprio STF e o Superior Tribunal de Justiça . O ministro do STF, por sua vez , não diz quem é o destinatário dessa proposta , se o cidadão comum que labuta nos tribunais contra os arbítrios e o gigantismo estatal ou se o próprio Estado , recordista na prática da utilização de recursos e suas chicanas jurídicas que se eternizam.
Respeitada a opinião do presidente do STF - da qual não concordo – ela denota como no Brasil as mudanças que se sugerem a título de agilizar e tornar eficiente o Poder Judiciário se dão. O discurso da modernização do Judiciário quase sempre traz embutidas propostas de supressão de direitos dos cidadãos : menos prazos recursais, menos recursos , menos instâncias , mais punição , mais legislação , mais , enfim , tudo . O que preocupa é que sem uma discussão mais aprofundada com a sociedade , uma proposta como essa seja aprovada , sobretudo se bafejada pela mídia que , muitas vezes , sem conhecer os meandros e nuance s do dia-a-dia forense , embala o discurso da modernidade do Judiciário .
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