O governador do Rio , Sérgio Cabral, exprimindo sua revolta com o criminoso o chamava de psicopata , de bandido , etc. Sérgio Cabral não devia esquecer que estava se dirigindo a um morto que , como todos sabem, logo após o seu ato tresloucado se matou. E, de todos os adjetivos que Sérgio Cabral lançou ao assassino somente o de psicopata lhe assenta mais adequadamente, ainda que se saiba que o governador não se dirigiu a ele nos termos técnicos a que a medicina define e classifica um psicopata . Sérgio Cabral, principalmente em razão de seu cargo , ao invés de sua cena demagógica de ofensa ao morto-louco, deveria ser mais comedido e agir como estadista , passando à população do seu Estado e do Brasil, que medidas iriam ser adotadas para se descobrir as causas de fato tão inusitado e absurdo . Sua atitude e reação se justificam na pessoa comum do povo, não na de um governador de Estado.
Maria do Rosário , secretária dos direitos humanos , com sua proverbial hipocrisia , ensaiou um choro quando teria sabido do massacre no Rio de Janeiro ou , quem sabe, quando soube que sua chefe Dilma Roussef havia vertido lágrimas em prol das crianças mortas e feridas . Tendo ainda dois filhos pequenos , sei o quanto é doloroso para um pai ou uma mãe perder um filho nessas circunstâncias . Mas se você me perguntar se eu chorei pela morte dessas crianças eu direi que não . E por que choraria? Quando se chora em razão de algum sentimento de perda , esse choro como expressão da dor e da saudade se dá de um modo geral se a pessoa que se perde nos é próxima , bem próxima . Isso porque há um laço de afetividade que une a perda , a dor e a saudade . Quando são anônimos que morrem, ou , mesmo pessoas conhecidas que desaparecem, mas que não têm proximidade com a gente , não é possível chorar como o fizeram algumas notoriedades brasileiras.
Na esteira desses episódios , no entanto , logo vieram as mais estapafúrdias explicações e soluções para o que ocorreu no Rio de Janeiro e para que não venha mais a ocorrer . Falou-se que o massacre não teria ocorrido se a venda de armas no Brasil fosse proibida ; que Wellington Oliveira foi influenciado pelos terroristas islâmicos do 11 de setembro ; que cada escola no Brasil deveria ter um guarda na porta ou um porteiro , etc, etc. E não se supreendam se qualquer dia desses não aparecer um pastor dessas igrejas pentecostais que infestam o país dizendo que Wellington tinha pacto com o Diabo .
As coisas e sistemas deste nosso melhor dos mundos são feitas para proteger e prever fatos previsíveis e a tragédia do Rio de Janeiro não estava nesse rol .
Wellington Oliveira era filho de uma mãe neurótica ou esquizofrênica, sendo adotado na infância . Tinha uma vida de quase reclusão , com poucos amigos e de uma introspecção que o levava a viver uma vida virtual no computador e alimentando um sentimento de rejeição pela sociedade . Esse lobo da estepe um dia entrou na selva e fez o que fez. E na fila desse rapaz , podem estar certos , há muitos Wellingtons prontos para explodir .